Quando falamos de Design, falamos sobre uma resposta para alguma demanda, e por mais que Design Centrado no Usuário se enquadre nos termos em alta ultimamente, o conceito ainda não foi introjetado completamente.
Design é projeto. E quando falo isso, quero falar que ele existe a partir de uma demanda, e se existe uma demanda, existe um problema. Existem perguntas clássicas, mas muito importantes, que nos ajudam a compreender qualquer coisa:
- O quê?
- Quem?
- Como?
- Por quê?
Se existe uma demanda, existe uma pessoa com um problema, e se nos colocamos como solucionadores de problemas, é esta pessoa que precisamos entender. É sobre isso que diz o Design Centrado no Usuário. Apesar de acreditar que o termo seja um pleonasmo, ainda precisa ser reforçado e ensinado nos quatro cantos do mundo.
Por que é importante?
Entender o DCU (design centrado no usuário) diz respeito a compreendermos que somos peças de algo bem maior, facilitadores. E isso nos incentiva a compreender a dor do outro e agir em cima dela com maior empatia. Qualquer decisão de design que leve em conta observar e ouvir os usuários não será baseada em caprichos, mas em uma busca de maior eficiência e assertividade.
E isso representa um ponto positivo tanto para o usuário, que é beneficiado com uma solução para a sua demanda, como para a empresa que ganha em tempo. Falo isso porque refazer uma aplicação porque ela não atendeu às expectativas do usuário representa um desperdício de tempo.
“Empatia é o coração do design. Sem a compreensão do que os outros veem, sentem e experimentam, o Design é uma tarefa inútil” – Tim Brown
Quem são esses usuários
Usuário é diferente de cliente. Usuário é quem tem acesso ao recurso enquanto o cliente é quem compra. Se fizermos a analogia do funil, entendemos que existem mais usuários do que clientes, e que todo cliente é um usuário, mas nem todo usuário é um cliente.
E podemos ir mais longe, usuários também são pessoas que têm contato com a empresa, como colaboradores, parceiros e tudo o que permeia aquele ecossistema. E isso mostra mais uma vez a importância do Design e como suas abordagens podem ser difundidas para ambientes mais proveitosos.
Concluímos então que para criar produtos que os usuários amem, é necessário incluí-los no processo de criação. É assim, e por meio dos porquês corretos, que entendemos a origem da solicitação do usuário, que permite o melhor desenvolvimento de qualquer projeto.
“As pessoas ignoram designs que ignoram pessoas” – Frank Chimero
Um pouco sobre usabilidade
É difícil falar de DCU sem falar um pouco sobre usabilidade, e falo isso justamente por conta do seu papel dentro do guarda-chuva da User Experience. Usabilidade diz respeito à facilidade que uma pessoa tem para realizar uma tarefa específica com um produto. Isto é, quanto maior a facilidade, maior a usabilidade.
Facilidade de uso pode ser invisível, mas sua ausência certamente não é. Usamos muitos objetos todos os dias, e a maioria de nós não percebe quando aquele produto permite melhor execução de alguma tarefa, mas com certeza nos marcamos com um objeto que nos frustra.
Ferramentas
Além dos clássicos Persona, Mapa de Empatia e Jobs to be done, existem outras ferramentas que nos ajudam a desenvolver um projeto centrado no usuário, e a seguir trarei duas ferramentas que utilizo constantemente.
1- Cenários
Os cenários são mini-histórias que refletem situações em que as personas podem se encontrar. São narrativas que fornecem uma maneira rápida e eficaz para imaginar os conceitos de design caso o produto tivesse sido construído.
É muito comum começar com o cenário de primeira utilização: o que acontece quando personas encontram o produto/serviço pela primeira vez?
Cenário é uma ótima ferramenta para conjugar com as Personas, mas também podem ser entendidos como um elemento da Jornada do Usuário, junto aos personagens, enredo, etc.
2- Card Sorting
Card sorting é um método rápido, barato e confiável que serve como introdução ao processo de design da informação. É uma técnica usada para organizar as informações tais como as pastas do computador, seguindo hierarquias. Entretanto, esse método tem a interação do usuário.
Nele você entrega ao usuário cartões que possuem elementos a serem categorizados. Imagine que você tenha os seguintes elementos:
- Banana;
- Biscoito;
- Sabão em pó;
- Detergente;
- Maçã;
- Salgadinho;
A partir disso, os elementos são organizados tal qual um diagrama de afinidades, agrupando os itens que fazem sentido para o usuário.
- Frutas| Banana e maçã;
- Limpeza| Sabão em pó e detergente;
- Lanches| Biscoito e Salgadinho;
Existem duas formas de fazer Card Sorting: aberto e fechado. No Card Sorting aberto, o usuário escolhe nomes para as categorias em que organizará os itens. Já no fechado, o nome das categorias não mudam, o usuário apenas organiza. Quanto mais itens forem incluídos em uma área específica, maior a probabilidade de se tornar uma categoria independente.
Conclusão
Com este artigo deu para termos uma ideia sobre a importância das Soft Skills empatia e comunicação no exercício do Design. Mas além disso, vimos a importância de colocar o usuário no centro do nosso trabalho, porque por mais que digamos conhecer sobre técnicas e metodologias, precisamos reconhecer que somos apenas peças de algo muito maior.