Design é processo. E utilizamos de processos para avaliar onde pode ser melhorado e descobrir um fluxo mais saudável para o desenvolvimento de nossos projetos. Fiz este artigo com 3 dúvidas que surgiram nas enquetes dos meus stories no Instagram, respondidas por especialistas da área.
Mas antes disso, quero trazer um contexto para você conhecer um pouco mais sobre esse tema.
Basicamente, existem 6 etapas que são consideradas etapas fundamentais de um Processo de Design:
- Problema
- Briefing
- Pesquisa
- Conceito
- Geração de alternativas
- Feedback
Identificar o problema é a primeira e mais importante etapa. Para que um designer possa agir sobre uma demanda, é importante, primeiro, avaliar a real necessidade daquela demanda. Essa é a parte dos porquês. Em seguida, o briefing, que é um documento para registro de circunstância e necessidades.
Depois do briefing, ficamos encarregados pela etapa de maior peso de um processo, na minha opinião, a pesquisa. Existem várias abordagens de pesquisa, o que vai depender estritamente da sua expectativa em relação ao resultado, que depende, por sua vez, do tipo de problema. Podemos fazer pesquisa etnográfica, entrevista, grupo focal, jornada do usuário e por aí vai.
Conseguimos pesquisar e apuramos todos os dados necessários para o desenvolvimento do projeto, agora partimos para o conceito. E essa transição pesquisa-conceito diz muito sobre uma característica dos Processos de Design: a iteração. Construir um conceito é uma forma de sintetizar tudo o que aquele projeto precisa representar, e que vai nos guiar durante o restante do desenvolvimento.
Feito isso, passamos para a geração de alternativas, que é onde iteramos novamente. Criamos uma solução, voltamos no conceito, avaliamos, partimos pra próxima solução. O ideal nesta etapa é que tenha bastante volume, pois como Thomas Edison disse: “eu não falhei, apenas descobri 10 mil maneiras que não funcionam”.
Por fim, o feedback, que é a etapa onde, depois de pronto, o projeto precisa mostrar pra quê veio. E esse feedback é colhido por todos os envolvidos com a marca, sejam os donos, os colaboradores ou o público final. Posso explicar essas etapas melhor em um artigo dedicado aos Processos de Design, com certeza vai ser bem enriquecedor.
A seguir, três questões sobre Processos de Design respondidas por especialistas. Caso tenha ficado alguma dúvida até o final deste artigo, escreva nos comentários ou mande um mensagem para mim.
1- Em qual etapa do processo eu devo focar para minimizar alterações?
Respondido por Marcelo Kimura:
“Pra mim, a etapa mais importante do projeto e que minimiza as alterações é o Briefing. Porque nele você consegue captar informações que vão ser importantes para direcionar o projeto e quando você não tem essas informações prévias, você vai atirar no escuro e depender da sorte.
Quando eu falo briefing, eu englobo tudo que serve para captar informações: o formulário, como a gente conhece tradicionalmente, tem o painel semântico, você pode fazer uma nuvem de palavras, enfim. Há várias ferramentas e técnicas que podem ser utilizadas. E isso reduz drasticamente as alterações, a refação.
Eu chuto dizer que mais de 90% das alterações acontece por conta de um briefing mal feito, ou por parte do designer, ou por parte do cliente, que não soube responder direito. Então eu vejo dessa forma, pra mim é a etapa mais importante para evitar alterações, não tenho dúvidas.”
2- Como gerenciar mais de um projeto simultâneo?
Respondido por Renata Caraih:
“A melhor forma de gerenciar mais de um projeto é criar ou seguir uma metodologia, pois dessa forma você tem mais controle do tempo para cada etapa, e consegue se organizar melhor.
Também é importante prever o tempo para imprevisto, e acima de tudo, ter disciplina. Eu tento sempre reduzir a quantidade de projetos simultâneos.”
3- O que fazer quando o cliente não sabe responder algumas questões essenciais sobre o seu próprio negócio?
Respondido por Fábio Kerk:
“É muito comum empreendedores, profissionais liberais, freelancers, empresários, enfim, qualquer um que queira montar um negócio, começar essa jornada sem dados de qualidade, sem informações consistente de uma fonte segura e que possibilite a ele começar um empreendimento com maior probabilidade de sucesso.
E, para quem está começando, não saber responder as perguntas mais essenciais do seu negócio em relação ao seu público, seu serviço, ao briefing mais completo, é uma grande receita para o insucesso, mesmo sendo um negócio potencialmente promissor.
Eu fico triste quando vejo alguém começando um negócio sem algum entendimento mais amplo de si mesmo e do outro, pois, para ir a algum lugar, é preciso antes saber as ferramentas que você tem disponível e as que você precisará para chegar lá. Acho que essa é a grande metáfora de alguém que está começando o seu negócio e não sabe responder as perguntas essenciais sobre ele.
O que um designer pode fazer quando o cliente não consegue responder as perguntas importantes sobre seu negócio é justamente ajudá-lo a encontrar as respostas e, caso queira assumir esse papel, dar a ele um caminho para buscar esse tipo de informação.
Mas eu aconselho a não seguir adiante enquanto as respostas não estiverem bem claras, tanto para o designer quanto para o cliente. Caso o designer decida seguir o projeto com o cliente precocemente, correrá o risco de levar, indevidamente, a culpa pelo fracasso do empreendimento.”
Conclusão
Vemos neste artigo que Design é uma disciplina que depende de muita pesquisa, e além disso, existem experiências que vão além do que está escrito.
O caminho mais simples para compreender melhor sobre os processos é conversando com outros designers, saber como eles estão lidando com determinados problemas. E isso, somado a uma boa dose de pesquisa projetual, é a fórmula mágica para um bom processo.