Essa semana eu recebi algumas perguntas sobre como precifico meus projetos de design, e após ver essa dificuldade tão latente, decidi escrever sobre o assunto. E se você se identifica, leia este artigo até o final porque eu tenho um presente para você.
Antes de começar a falar sobre as dicas que preparei, quero contar um pouco da minha história sobre precificação de projetos de identidade visual.
Até o começo de 2019 eu precificava a partir dos atributos dos entregáveis. Explicando um pouco melhor, eu assumi que os entregáveis de design possuem 3 variáveis: complexidade de informações, vitalidade e risco.
E essas variáveis me embasaram para a criação de uma planilha e padrão de precificação.
Mas depois de um tempo, essa planilha ficou complexa demais, os orçamentos eram muito rápidos, mas havia um desequilíbrio no valor dos meus entregáveis. E por conta disso, abandonei de vez esse esquema.
Mas, sem mais delongas, vamos para as 4 dicas que te ajudarão a precificar melhor os seus projetos.
Não existe fórmula mágica
Para a melhor aplicação das dicas que darei a seguir, é preciso que você entenda que não existe fórmula mágica.
As suas circunstâncias são diferentes das minhas, não consigo propor um modelo ideal e que funcione universalmente.
1- Conheça seus custos
O primeiro exercício de autoconhecimento para conseguir cobrar valores justos para seus projetos é conhecer os seus custos.
De quanto dinheiro você precisa para sobreviver, pagar os custos do seu trabalho, ter grana para investir e lazer?
Organize isso em uma planilha e entenda como o valor dos seus projetos podem se alinhar aos seus custos de vida.
Tabela de custos
E aqui vem um presente que preparei para você. Vou compartilhar uma planilha através deste link para que você utilize no seu dia-a-dia.
Observação: Após acessar o link, clique em Arquivo > Fazer uma cópia (caso queira utilizar a planilha online no Google Docs) ou Arquivo > Fazer o download > Microsoft Excel (caso queira utilizar a planilha localmente em seu Excel).
O que você precisa entender sobre ela é que eu agrupo alguns custos, mas no final, os custos por mês são somados.
Coloco quantos projetos eu quero pegar por mês e qual porcentagem de grana extra quero ter. Esta última tem relação com a soma de todos os custos em porcentagem. “Quero ter 60% além dos meus custos para investir no meu futuro ou para lazer”
Depois de preencher seus custos mensais, os projetos que quer pegar por mês e a porcentagem de grana extra, a planilha te retorna um valor para ser cobrado em cada projeto. Massa, né?
2- Estime valores
A dica número dois é você estimar valores. Em profissões de trabalho criativo, um assunto bastante delicado é ter controle de tudo. Porém, quando você estima com base no quanto quer/precisa receber no período de um mês e quantos projetos consegue pegar, o assunto fica mais tangível.
Não estou te falando para tirar um valor do pé e passar para o seu cliente, mas o que entendi com minha experiência do começo de 2019 é que não conseguimos controlar tudo.
Quando criei aquelas variáveis e uma listagem com todos os meus entregáveis, percebi que ainda estava agindo sobre atributos subjetivos demais (como assim um cartão de visita possui 1 ponto de vitalidade e um logotipo possui 5?).
Aceitei que não possuo controle sobre tudo na profissão criativa, e hoje estou adepto à precificação em torno do que quero/preciso fazer versus o quanto meu cliente consegue pagar.
3- Não cobre por hora
Sei que você pode ter chegado neste ponto do artigo pensando “esse cara viaja muito na maionese, bicho”. Mas quero deixar claro que minha intenção é dar uma luz para quem está no começo da carreira e tem dificuldade de precificar.
Propus as soluções acima porque diz justamente sobre as minhas circunstâncias, meus entregáveis, meus clientes e minhas necessidades financeiras.
E nessa jornada, uma coisa que entendi é que em profissões criativas, precificar por hora é um tiro no pé.
“Éricles, mas por que isso?” O meu ponto para te afastar da cobrança por hora é que esse formato te pune por ser eficiente.
Se você aplica em um projeto ferramentas de agilidade, está bem com a vida e tudo flui perfeitamente, a lógica é que termine aquele trabalhe o quanto antes. Mas aí você recebe menos ao construir processos maduros e bem definidos.
Por outro lado, se você está numa fase ruim e tudo está dando errado, o projeto tende a demorar mais, acontecem bloqueios criativos, etc. Seria justo cobrar mais caro porque o projeto demorou para ser entregue?
Esse formato de precificação pode funcionar bem para desenvolvedores e consultores, mas em áreas de propulsor puramente criativo, é mais intangível.
4- Converse com outros designers
A minha dica final para você se sentir mais seguro em relação ao seu preço é conversar com outros designers. Essa será sua forma de pesquisar o mercado.
Se um colega de profissão, morador de determinada cidade, centro de determinado estado onde o custo de vida é X e com o entregável tangível bem semelhante ao seu, cobra Y, isso pode servir como base para a sua precificação.
Não estou falando para cobrar o mesmo que o amiguinho, mas graças a esse start point, você pode modular o seu preço, entendendo a sua percepção de valor.
Conclusão
Compreendemos que o processo de precificar um serviço criativo não é fácil. Você pode permear por diversas abordagens, ler diversos artigos e ver diversos vídeos, mas só a experimentação dirá qual se adequa melhor às suas circunstâncias.
Se você curtiu este artigo, não esqueça de deixar o seu comentário abaixo e acessar a planilha.