Quando algumas pessoas escutam a palavra “Geometria” ou “Matemática” já ficam com o pé atrás sobre o que há por vir.
Mas deixa eu te contar uma coisa: a Matemática está presente em tudo!
Mas não me abandona agora, deixa eu te mostrar o meu ponto.
Muitas pessoas tiveram uma experiência ruim com a Matemática no ensino médio. Elas não veem cabimento para o que é aprendido em sala e o que pode ser aplicado na vida prática.
Eu entendo você…
Entretanto, a Matemática está inegavelmente presente nas nossas vidas.
Se você procurou trabalhar com uma profissão criativa como um refúgio da Matemática, ainda assim vai se esbarrar com ela no corredor.
Não podia ser diferente com a criação de logotipos.
Os logotipos são ferramentas poderosas de comunicação visual, e eu sei que você tem completa certeza disso.
Mas não livre da Matemática, os logotipos também possuem relações, proporções e espaçamentos que só foram possíveis a partir de uma base geométrica.
Ou como a autora do livro Geometria no Design diz: não há divisão de espaços e localização de elementos sem a modulação e os suportes geométricos.
Neste artigo, eu quero te mostrar o papel da Geometria na criação de logotipos. E para isso, vou remontar a história de algumas marcas famosas e explicar a mudança de estilo dos seus logotipos.
Vamos lá?
Evolução dos logos
Em 1897, a palavra Shell alcançou o status corporativo.
O primeiro símbolo adotado em 1901 foi da concha de um mexilhão, isso porque em 1891 a Marcus Samuel and Company (antiga Shell) comercializava antiguidades, raridades e conchas do oriente.
Mas essa representação mudou durante os anos, acompanhando tendências do Design Gráfico.
Hoje, o símbolo conhecido mundialmente, feito em 1971, foi simplificado e geometricamente relacionado.
A mesma coisa aconteceu com a marca de produtos eletrônicos Apple.
Em 1976 foi criada o primeiro protótipo por Ronald Wayne (ex-sócio) e Steve Jobs.
Mas Steve Jobs entendeu que com suas formas complexas e excesso de detalhes, aquele logotipo não representava os ideais nem o seu posicionamento da empresa.
Por isso o designer Rob Janoff foi contratado no ano seguinte para criar o novo logotipo da Apple.
É aí que nasce a famosa maçã mordida…
Desde então o logo passou por alguns ajustes, mas nada significativo para o público geral, já que a maçã continua a mesma.
E se você quer entender mais sobre a história da apple, eu preparei um vídeo para você lá no meu canal do YouTube, onde conto os principais detalhes do desenvolvimento do logotipo da Apple.
Algo mudou
E como você pôde perceber, os logotipos dos exemplos citados acima tiveram um padrão evolutivo.
Ambos, antes com excesso de detalhes e alta complexidade visual, resumiram-se à símbolos simples e de alta pregnância.
Para as pessoas que nasceram no final do século XX e não acompanharam o processo histórico, pode ser muito óbvio o motivo da mudança, mas há várias justificativas para isso.
Estudos acerca do funcionamento do cérebro e memória são muito responsáveis, mas na linha do tempo que vou te contar agora, responsabilizo um designer por isso.
Dieter Rams
Nascido em 1932 na Alemanha, Dieter Rams é um designer industrial de grande influência no século XX, influências que conseguimos perceber até hoje.
Jonathan Ive, ex-líder de Design industrial da Apple é assumidamente influenciado pelo trabalho de Dieter Rams na Braum.
Conseguimos observar essas influências em vários produtos da Apple.
Mas qual a relação de Dieter Rams com a Geometria na criação de logotipos?
Dieter documentou 10 mandamentos que considerava ditar o bom Design. E foi a partir desses princípios que muitas outras influências do Design se embasaram.
Já existe um artigo completo explicando esses mandamentos, por isso vou trazer apenas três que considero relevante para explicar o papel da Geometria.
O bom Design tem longa duração e nunca deve parecer antiquado
Lembra dos primeiros logotipos da Shell e Apple?
O bom Design precisa ser completo até o último detalhe
Nada deve ser arbitrário ou deixado ao acaso. Cuidado e precisão mostram respeito ao usuário.
Menos, porém melhor
O bom Design é livre de excessos. Ou como o arquiteto norte-americano Louis Sullivan dizia: a forma segue a função.
Mas e a Geometria?
Segundo o escritor Richard Perassi, existem 3 estilos de criação para logotipos, são eles:
- Visual-naturalista
- Emocional-expressivo
- Racionalista-simbólico
Este último é facilmente percebido como último estágio das marcas mais famosas.
Mostrei duas delas, mas é possível observar a história de dezenas marcas e identificar esse padrão.
O estilo racionalista-simbólico é marcado pelas representações geométricas e simplificação das formas naturais.
Tanto a concha como a maçã são formas encontradas na natureza onde, na representação atual dos logotipos, possuem uma simplificação livre de sombras e texturas, apenas com o essencial para identificação, segundo o 10º mandamento de Dieter Rams.
E a Geometria, como abordagem da expressão gráfica, tem exatamente esse papel, simplificar e organizar as formas naturais em padrões facilmente replicáveis que torna o reconhecimento mais intuitivo.
Conclusão
Essa foi apenas uma parte do nosso conteúdo sobre geometria de design.
No próximo artigo, você verá um aprofundamento maior sobre os benefícios de trabalhar com geometria na criação de logotipos.
Até lá!