A profundidade de campo é um dos conceitos mais importantes da fotografia, que vai muito além da estética e pode ser usado de alguma maneira em praticamente qualquer regra de composição para ajudar no destaque do objeto/personagem na cena.
Mas trabalhar com profundidade na fotografia também pode ser feito através de outros recursos, como sombras (para gerar volume) e reflexos (para criar perspectivas diferentes).
São conceitos e maneiras de compor a imagem bem diferentes, mas também criam um efeito mais “tridimensional” na sua captura.
Nesse artigo vamos ver um pouco dessas regras que podem ser utilizadas para dar maior sensação de profundidade na imagem, seja por configurações feitas na câmera ou por elementos na cena.
Sombras
Nada mais teatral que a utilização de sombras no meio artístico, remetendo desde o ano 120 (com o teatro de sombras na China) até hoje.
Podemos contar histórias inteiras usando sombras, e como a ideia de criar uma composição é justamente essa, as sombras fazem bem o seu papel.
Em muitas situações, tentamos neutralizar as sombras, para criar uma imagem mais suave, como em retratos, onde não queremos que as marcas de expressão se sobressaiam muito, ou quando o objeto está em uma área mais escura e precisamos aumentar a exposição para que ele apareça melhor. Mas em muitos momentos também podemos usar as sombras a nosso favor.
Então temos normalmente duas opções ao fotografar sombras: fazer com que as sombras criem uma composição mais simétrica (algo próximo como veremos a seguir em relação aos reflexos) ou fazer com que as sombras virem o objeto principal da cena (como na imagem acima), excluindo até mesmo a necessidade do personagem/objeto que gerou a sombra aparecer por completo.
Sombras são usadas muitas vezes para aumentar a emoção da foto (lembra da questão teatral acima?). Isso quer dizer que se utilizar sombras como maneira de compor a imagem, com certeza terá um resultado mais forte, talvez até carregado, do que outras técnicas. Vai aqui da necessidade de uma mensagem mais forte ou não.
Para encerrar a parte das sombras e reforçar a questão principal do artigo (profundidade na fotografia), as sombras tem um papel importantíssimo no volume da imagem, fazendo, por exemplo, com que paredes planas ganhem uma textura ou realçar partes de uma imagem sobre um fundo homogêneo. Claro que aqui nem tudo está sob nosso controle, já que em ambientes externos dependemos do sol para gerar essas sombras e a posição que ele estiver.
Reflexos
A utilização do reflexo em si não é necessariamente uma regra de composição. Na realidade é uma maneira de utilizar a simetria, algo que vimos aqui nesse outro artigo.
Voltei a falar dessa aplicação aqui pela contribuição que o reflexo faz em uma tentativa de aumentar a profundidade da cena.
É incrível o que podemos fazer com um bom reflexo. Basta ver o resultado conseguido em algumas fotos que, a partir da criatividade de fotógrafos utilizando pequenas poças de água refletindo um casal (muito utilizado em fotos pré-wedding, por exemplo), gerarem uma imagem como se eles estivessem em um grande lago.
Mas a simetria é ainda, na minha opinião, a característica mais apaixonante.
Plano de fundo
E para fechar essas dicas de composição sobre profundidade na imagem, nada melhor do que falar sobre o plano de fundo em si.
Imagine suas fotos sem um plano de fundo. Mesmo em retratos, um plano de fundo faz toda a diferença. Não podemos menospreza-lo ou tentar excluí-lo sempre, pois ele tem um papel importantíssimo na composição.
Se seu objeto estiver sobre um fundo muito carregado, ele poderá perder a importância pela competição gerada em volta, ao mesmo tempo que se o fundo estiver totalmente descaracterizado, a foto não vai parecer interessante, sem um ambiente definido.
Caso o fundo tenha muitos elementos, uma técnica que já falamos bastante é a do desfoque.
Nesse caso utilizamos a própria abertura da lente para gerar esse efeito. Ao chegar mais perto do objeto e aumentar a abertura, conseguimos desfocar o fundo, neutralizando-o mas sem perder as cores e formas do ambiente.
Mas não necessariamente desfocar o plano de fundo é a única solução.
Trabalhar com o fundo em si como integrante da composição e não tentar escondê-lo com desfoques é algo que sempre podemos tentar fazer, seja com as cores desse fundo, as luzes, ou com as técnicas que vimos nesse artigo (sombras e reflexos).
Na imagem acima a fumaça e as luzes criaram uma moldura para o personagem, que sem a necessidade de desfocar o fundo fez com que esse cenário auxiliasse no destaque dele, em vez de competir.
Portanto, trabalhar pensando no plano de fundo basicamente tem dois lados: tentar neutraliza-lo, mas sem perder sua essência, para que ele ajude a destacar o objeto; ou fazer com que o fundo em suas principais características destaquem o objeto da cena.
Como em toda regra de composição, é a sua criatividade e seu olhar analítico que permitirão criar a imagem ideal. Experimente buscar por simetrias, criar sombras com luzes adicionais (quando em ambientes controlados) e utilizar os recursos da câmera como uma extensão do seu olhar, para focar ou desfocar só o que interessa.
Até a próxima!